Quinta-feira, 21 de Setembro de 2006

O que me move

O meu nome é Catarina, tenho 28 anos e um filho de 17 meses. Nunca perdi um filho e espero não vir a perder. Perguntem-se agora «Então o que fazes aqui?», «Porque lutas por uma causa que não é tua?» ou «Como podes entender uma dor pela qual não passaste?». Não é esse o meu propósito. Escrevo com o peito aberto sobre o que me motiva, para que mais, como eu, se possam envolver numa causa que agora não é nossa, mas quem sabe o que nos reserva o futuro?
O que me move não é ser reconhecida, não é ser importante, não é dizer «Eu percebo» quando não percebo nada. O que me move não é ser boa, nem melhor do que os outros. O que me move está dentro do meu peito e chama-se coração. Está dentro do meu corpo e chama-se alma. Está dentro da minha cabeça e chama-se solidariedade.
Quantas vezes "exigimos" à sociedade um tratamento VIP que não existe (a menos que seja bem pago), atenções que não têm connosco, delicadezas cada vez mais raras nos dias que correm? Quantas vezes não enchemos a boca para dizer «Eu pago os meus impostos, tenho direito a...»? É bem verdade, devíamos ter direito a tantas coisas que não temos... Direito a ser bem atendidos num hospital, direito a colégios públicos de qualidade para os nossos filhos, direito a garantias de reforma, direito a subsídios de desemprego e licenças de maternidade pagos a tempo e horas. Tanta coisa que realmente necessitamos e não nos é facultada. Mesmo assim, a mentalidade portuguesa baseia-se tantas vezes no «Tenho o direito de ... » e tão poucas no «Tenho o dever de ...».
Não venho falar da dor de perder um filho. Essa, felizmente, não conheço. Venho falar de uma iniciativa que visa dar algum apoio a quem passou por isso. Porque é preciso dar para receber, porque, diz-se, a solidariedade começa em casa. Vamos olhar para este projecto com olhos de ver, vamos apoiar da maneira possível (e há tantas formas de ajudar!), vamos unir mãos e esforços para que esta associação possa dar algum conforto a pais que estão a passar por períodos de luto. Porque não basta dizer «Coitados, tenho tanta pena...». É preciso mais do que isso, é preciso agir!
publicado por Catarina às 16:39

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13 comentários:
De Martinhense a 21 de Setembro de 2006 às 17:05
O que é normal muitas das vezes é olhar para o lado como se não fosse nada connosco.
É sempre bom apoiar qualquer actividade ou projecto que tenha como objectivo minorar o sofrimento de alguém, não importa a situação em que se encontre.
Podem contar com o meio apoio para divulgação do vosso projecto, já que a união faz a força não é?


De Anokax a 21 de Setembro de 2006 às 23:17
Concordo inteiramente..assino por baixo!
Muitas Bjokax e Bom fim de semana
De lilianadoroteia a 22 de Setembro de 2006 às 10:06
Parabéns pelo projecto... vou divulgar no meu blog.
De momento não posso ajudar em termos monetários... mas vou tentar passar palavra...e claro se conhecer algum pintor ou artista que pretenda participar na solidariedade do projecto... farei todo o gosto em dar uma forçinha*
Beijinhos e parabéns!
De Jane & Cia a 22 de Setembro de 2006 às 11:15
Nunca cheguei a conhecer o filho que perdi, nunca lhe vi o rosto, o sorriso... apenas sei que o meu ventre gerou uma vida infinitamente curta.

Sei o que é perder e sei o que é ganhar. Pois no meu ventre crescia ao mesmo tempo uma outra vida.

Já fiz o meu luto, já bebi as minhas tristezas e as minhas alegrias por uma única taça.

Hoje sou apenas diferente do que um dia fui.

Divulguei no meu espaço, faço agora contactos para tentar vos ajudar!

Um bem hajam!
De mfcf a 26 de Setembro de 2006 às 11:16
Obrigada pelo seu apoio e divulgação. Bj.
De Susana a 22 de Setembro de 2006 às 11:55
Estou aqui para ajudar no que for preciso.
Podem contar comigo MESMO!
Beijinhos
De Zahira a 22 de Setembro de 2006 às 16:39
Se pelo menos um terço da população pensasse como tu , teriamos um mundo muito melhor :)
Parabéns às duas pela iniciativa, espero em breve colaborar afincadamente :)
Um bjinho grande
De Mãe do Outro Mundo a 22 de Setembro de 2006 às 21:47
Já me disponibilizei à Fátima para contribuir no que puder para o projecto porque penso como tu. Só porque não conhecemos essa dor não quer dizer que viremos as costas. No que precisarem do Sul, contem comigo.

Paula Vidal
De ana a 23 de Setembro de 2006 às 17:04
Olá, tal como a Jane de um dos posts aí acima, fez há dias seis anos que perdi um ser muito esperado, ansiado e querido por todos, mesmo antes de ter visto a luz do dia. Também nesse dia a minha vida esteve por um fio. Acho que é preciso levarmos um abanão para nos darmos conta de como podemos modificar as nossas vidas e sempre para melhor. Não quero de forma alguma comparar a dor que eu tive com a destas famílias que perderam crianças, seres palpáveis, mas para mim, durante algum tempo foi o mundo a desabar sobre mim. Ergui os ombros, lembrei-me das duas filhas que tinha, e alguns tempo depois e sem estar à espera, eis que estava novamente grávida. Anda agora aí pela casa uma piolhita reguila, linda que já fez dois anitos.
Bom, mas o vosso projecto... Faço algumas manualidades se elas vos forem úteis, digam em envio. Bjitos e muita paz.
ana
De mfcf a 26 de Setembro de 2006 às 11:11
Ana, as suas manualidades serão bem-vindas para a venda que estamos a programar (embora sem qualquer data à vista). Obrigada por se juntar a nós. Um abraço.
De Adelaide a 26 de Setembro de 2006 às 10:56
Parabéns pela vossa iniciativa.
Já comecei a colaborar ao fazer o apelo e link no meu blog.Oportunamente irei a sede entregar umas coisas para o bazar.
Conheço a dor de perder um filho e embora não seja socia da associação, frequento o forum e muito me ajudaram e continuam ajudar as palavras sensatas e serenas de muitas mães que tem mais anos de " caminho".
Bem Hajam.
Beijinhos enrolados num abraço.
Adelaide
De mfcf a 26 de Setembro de 2006 às 11:09
Olá, Adelaide...conheço o Fórum, porque já li várias mensagens, embora nunca tenha escrito. Obrigada pela disponibilidade....é importante que mães/pais que tenham passado pela Dor Maior também se empenhem neste Projecto, que demonstrem interesse ou pelo menos, simpatia. Abraço forte.
De Raquel a 13 de Novembro de 2006 às 14:56
Subscrevo as suas palavras... a minha tem 15 meses e nem quero imaginar o que faria se a perdesse.

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