O meu nome é Catarina, tenho 28 anos e um filho de 17 meses. Nunca perdi um filho e espero não vir a perder. Perguntem-se agora «Então o que fazes aqui?», «Porque lutas por uma causa que não é tua?» ou «Como podes entender uma dor pela qual não passaste?». Não é esse o meu propósito. Escrevo com o peito aberto sobre o que me motiva, para que mais, como eu, se possam envolver numa causa que agora não é nossa, mas quem sabe o que nos reserva o futuro?
O que me move não é ser reconhecida, não é ser importante, não é dizer «Eu percebo» quando não percebo nada. O que me move não é ser boa, nem melhor do que os outros. O que me move está dentro do meu peito e chama-se coração. Está dentro do meu corpo e chama-se alma. Está dentro da minha cabeça e chama-se solidariedade.
Quantas vezes "exigimos" à sociedade um tratamento VIP que não existe (a menos que seja bem pago), atenções que não têm connosco, delicadezas cada vez mais raras nos dias que correm? Quantas vezes não enchemos a boca para dizer «Eu pago os meus impostos, tenho direito a...»? É bem verdade, devíamos ter direito a tantas coisas que não temos... Direito a ser bem atendidos num hospital, direito a colégios públicos de qualidade para os nossos filhos, direito a garantias de reforma, direito a subsídios de desemprego e licenças de maternidade pagos a tempo e horas. Tanta coisa que realmente necessitamos e não nos é facultada. Mesmo assim, a mentalidade portuguesa baseia-se tantas vezes no «Tenho o direito de ... » e tão poucas no «Tenho o dever de ...».
Não venho falar da dor de perder um filho. Essa, felizmente, não conheço. Venho falar de uma iniciativa que visa dar algum apoio a quem passou por isso. Porque é preciso dar para receber, porque, diz-se, a solidariedade começa em casa. Vamos olhar para este projecto com olhos de ver, vamos apoiar da maneira possível (e há tantas formas de ajudar!), vamos unir mãos e esforços para que esta associação possa dar algum conforto a pais que estão a passar por períodos de luto. Porque não basta dizer «Coitados, tenho tanta pena...». É preciso mais do que isso, é preciso agir!
De
ana a 23 de Setembro de 2006 às 17:04
Olá, tal como a Jane de um dos posts aí acima, fez há dias seis anos que perdi um ser muito esperado, ansiado e querido por todos, mesmo antes de ter visto a luz do dia. Também nesse dia a minha vida esteve por um fio. Acho que é preciso levarmos um abanão para nos darmos conta de como podemos modificar as nossas vidas e sempre para melhor. Não quero de forma alguma comparar a dor que eu tive com a destas famílias que perderam crianças, seres palpáveis, mas para mim, durante algum tempo foi o mundo a desabar sobre mim. Ergui os ombros, lembrei-me das duas filhas que tinha, e alguns tempo depois e sem estar à espera, eis que estava novamente grávida. Anda agora aí pela casa uma piolhita reguila, linda que já fez dois anitos.
Bom, mas o vosso projecto... Faço algumas manualidades se elas vos forem úteis, digam em envio. Bjitos e muita paz.
ana
De
mfcf a 26 de Setembro de 2006 às 11:11
Ana, as suas manualidades serão bem-vindas para a venda que estamos a programar (embora sem qualquer data à vista). Obrigada por se juntar a nós. Um abraço.
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